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sexta-feira, 9 de abril de 2010

Vozes na sombra

2008 foi um péssimo ano. Talvez o pior da minha vida. E já tive alguns maus. Todos tivemos. A acabar o ano de 2007, no dia 31, fui informado que o meu pai estava mal. Felizmente tudo correria bem alguns dias depois. O pior (suspeita de cancro na bexiga) tinha passado, mas foi assustador. Só a ideia de perdermos os que amamos é assustadora. E há dois anos, em finais de Março, tive um problema que afectou a voz. Em dois dias apenas tomara mais medicação do que toda a minha vida. Quase durante um mês não fazia outra coisa senão dormir. A medicação e a parte psicológica a deitar abaixo uma pessoa. O medo de perder a voz era imenso. Raramente comia. Custava-me a engolir. E, como só dormia, nem ouvia música. Foi o que me custou mais durante esse período. Isso e ver o sofrimento na cara dos meus pais, indefesos, sem nada poderem fazer para me ajudar. Desde cerca os meus dezanove anos que faço a mim mesmo a seguinte pergunta: como se dá voz aos nossos pensamentos? Como disse na mensagem de abertura deste espaço, não tem, nem nunca teve, necessariamente de ser uma voz física. Tentar recuperar a voz que outrora tivera: a escrita. Paul Valéry, escritor e poeta francês, dizia "o primeiro verso é dos deuses". Não sei e, para ser sincero, nem me interessa. Não me interessa discutir se é ou não e o que ele pretendeu dizer com isso. O que importa é que escrever é uma das melhores coisas da vida. Criar algo é fascinante. Deixar de o fazer, por razões várias, é frustrante. O medo da folha em branco. O sentimento que não haveria mais nada para escrever. Que tudo já fora escrito. O querer fazer algo completamente novo. Diferente. Revolucionário. Um pensamento errado, hoje sei disso. Embora não o faça, haverá sempre algo para escrever. E a possibilidade de perder a outra voz, a do quotidiano, estava ali, sem qualquer dramatismo, tão perto. E a vida. Hoje sei que a vida também. Lembro-me de, há muitos anos, ter lido uma entrevista do David Fonseca em que dizia algo como "Mesmo sem voz, cantaria." Percebo o que quer dizer. E eu, provavelmente, fá-lo-ia também. Mas é difícil. É difícil, em caso de afonia, aceitar que se está nesse estado. Após muitos anos de falar, trautear, cantar, não seria fácil aceitar. Tal como a visão ou a audição. No dia 12 de Abril, ainda que debilitado fisicamente e com a voz fraca, fui a um concerto dele. Ao som desta música, cantei como se não houvesse amanhã. Inconsciente, eu sei. Mas soube bem. Foi catártico. Este ano, à semelhança de há dois anos, também apanhei um susto com o meu pai, curiosamente na mesma altura, e também eu, em Março, tive o mesmo problema. E também haverá um concerto de David Fonseca, no Coliseu, em Abril. Muito estranho. Mesmo para mim, um céptico, dá que pensar. Desta vez ouvi muita música. Ouvi duas músicas várias vezes: "Eu Não Sei Dizer" (que já falei aqui) e a "Silent Void", retirada do álbum Dreams in Colour. É difícil ficarmos indiferentes à última. Hoje à noite, no Coliseu, vou divertir-me também como se não houvesse amanhã. Mais do que me divertir, espero ser surpreendido. Sempre. Se esta música for tocada, cantá-la-ei. Com raiva. Com vida. E amanhã, no Alentejo, almoço de família. Porque a vida é isto. Nada mais. E a tal voz voltará. Não sei quando, mas sei que voltará... um dia. Bom fim-de-semana.



It's me and you and all the things we do
Just to go a little more, just to find a better view
Despite our young hearts we know how it's gonna be
We don't care for your crops cause we have our own tree
There's nothing wrong with your ways, but we can´t dance to this song
We just wanna build another bridge out of the silent void

If there's something we can do
To escape this silent void
Just a word that we can say
That´ll burn this silent door
No, we can't stay here no more

We're in love
We're in love
I say love
I say love

And there's no one I would rather be with
Nothing I would rather do
Cause I've got this dream, this heart that beats outside this silent world
And I've got you

And me, and all that we could be
Out of this black hole choked by the black sea
We're all surrounded by the old, strutting their stuff
We don't really care for them, they don't really care for us
You see, I don't wanna be what they meant all of us to be
Shaking hands with the stale, part of the mess that agrees with all the
Lost kids and the loveless ones
Yeah I can look like them but I'll never be one
And if you wanna be the bullet out of this gun
Then tell us please what you're made of
Oh tell us please what you're made of
Oh tell me please, are you in love?
Like me

I say love

And there's no one I would rather be with
Nothing I would rather do
Cause I've got this dream, this heart that beats outside this silent world
And I've got you

We're falling in the light above us
I hold the wheel and we keep spinning
We're falling in the light above us
I guess our mind is made up
We're gonna put the stake up
We can leave this silence
We can leave this silent... void
We can leave this silent... void
We can leave this... void
We can leave this silent... void

I say love
I say love

And there's no one I would rather be with
Nothing I would rather do
Cause I've got this dream, this heart that beats outside this silent world
And I've got you
Outside this silent world, a heart beats
Outside this silent world, well, I've got you
Outside this silent world, my heart beats
Outside this silent world, well, I've got you

2 comentários:

S. disse...

Realmente é assustador o quão frágil é a vida e em como num segundo podemos perder tudo ...

infelizmente também já soube o que é perder alguém que amamos,ver adoecer quem tanto queremos e até perder aquilo que temos sempre como um bem adquirido, como é a nossa saúde, seu que é um cliché mas é por isso que tento viver cada dia como se fosse o último, fazer sentir a quem amo o quão importante é para mim porque nunca sabemos quando a vida resolve nos pregar uma partida....

Por isso espero que te divirtas bastante hoje e que grites, cantes e pules como se não houvesse amanhã!

Bom fim-de-semana

VH disse...

Felizmente, nesses dois casos que relato, tudo correu bem. No entanto, nesse mesmo ano viria a perder alguém que amava. E muita coisa mudou, especialmente na demonstração de afecto pelos que nos rodeiam. Porque são eles os mais importantes. Sobre isso falarei noutro dia.

O concerto foi muito bom. E, acima de tudo, surpreendente. Obrigado. Não sei se alguma vez foste a um concerto dele, mas recomendo.

Bom fim-de-semana!